Revista do Clube Militar - Nov/Dez-91

    Editorial

A AMAZÔNIA NÃO!
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- Coronel Eri Maia Gonçalves -
    Cinco séculos de história nos legaram um território com oito e meio milhões de quilômetros quadrados. O povo brasileiro, nesses quase quinhentos anos, sofreu, lutou (milhares morreram) mas o solo pátrio se manteve intacto. Integro. Indivisível.  
    Quando agredidos, lutamos para conservá-lo, jamais para o aumentar. Exemplos? As guerras contra o invasor holandês e a guerra contra o invasor paraguaio.  
    Nossa diplomacia, a uma época respeitada internacionalmente, vencia pela força dos argumentos. Lembremos a inteligência e a visão estratégica do Barão do Rio Branco.  
    Quando acontecia o impasse, aceitávamos a mediação.  
    Que grande potência poderia nos dar lições sobre direito ao território? Os Estados Unidos, com a anexação do Texas e as suas intervenções na América Central, até a criação artificial do Panamá? A França, com a Indochina e a Argélia? A Inglaterra, com o seu império onde o sol nunca se punha, conquistado a ferro e fogo? A Alemanha com a sua "teoria do espaço vital" e duas guerras mundiais? O Japão, com a Manchúria?  
    Se avançamos sobre Tordesilhas foi porque, à época, o Brasil era colônia espanhola e, para os reis de Castela era mais prático que o avanço sobre a desconhecida Amazônia se desse a partir da calha do rio Amazonas do que ultrapassando as cumieiras dos Andes. Por ordem do rei, coube a nós, brasileiros, os sacrifícios imensos de ocupar e colonizar a maior floresta do mundo.  
    Passado três séculos dessa epopéia, bastaram pressões de algumas ONG (guarde bem esta sigla ONG - Organizações Não Governamentais), apoiadas ostensivamente por governos e organismos financeiros poderosos   para     que,   subservientemente, fossem esquecidos passado, história, glórias, heróis e orgulho nacional, e um pedaço (grande) do Brasil fosse cedido como Reserva da Nação Ianomâmi.
    Falta, agora, à Nação Brasileira, a grandeza consubstanciada em governantes com a visão de estadistas; falta-nos a Democracia traduzida por um Congresso destemido que saiba fazer respeitar as suas prerrogativas; falta ao povo a segurança propiciada por Forças Armadas capazes de dissuadir.  
    Não somos contrários à criação de áreas compatíveis que garantam a sobrevivência de grupos indígenas.  
    Somos contra absurdos como o de dar a 8.000 índios uma área duas vezes maior que a do estado do Rio de Janeiro.  
    Somos contra a loucura estratégica de se transformar uma faixa de fronteira em virtual "santuário" . E contíguo a outro "santuário" instalado em outro país.  
    Somos contra o uso de sofismas para tentar justificar a desobediência à Constituição Federal.  
    Somos contra o virtual reconhecimento de UMA NAÇÃO DENTRO DA NAÇÃO BRASILEIRA.  
    Ao longo de 500 anos de história carregada de lutas, de sacrifícios, de brasileiros mortos, criamos a base física sobre a qual cresceu a NAÇÃO BRASILEIRA.  
    Agora, num gesto de insensatez e contrariando o Passado, o governo dá o primeiro passo para entregarmos à sanha de poderosos interesses estrangeiros a Amazônia.  

    A AMAZÔNIA NÃO!  

    E nem qualquer outro pedaço deste país continente que herdamos de nossos antepassados.  
    O Clube Militar não será omisso nem conivente com crimes de lesa PÁTRIA, dilapidando o futuro que às novas gerações pertence. 

       
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Brasil, ame-o ou deixe-o.
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